Conhecendo a Fazenda “NÃO ME DEIXES”, da escritora cearense Rachel de Queiroz
A escritora, tradutora, professora, jornalista, romancista, cronista e teatróloga Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza, em 17/11/1910 e faleceu dormindo em sua rede, no dia 04/11/2003, no Rio de Janeiro.
Fugindo da seca que assolava o sertão nordestino, a escritora migrou para o Rio de Janeiro (1915), em companhia dos pais.
De seu pai Daniel de Queiroz Lima herdou a propriedade rural que está localizada no distrito de Daniel de Queiroz, no Sertão Central do Ceará, distante cerca de 30 km do centro do município de Quixadá, a cidade dos monólitos, do Açude do Cedro e da Pedra da Galinha Choca.
Mesmo morando distante e com muitas outras atribuições, Rachel e o marido Oyama construíram o casarão sede em 1955, utilizando materiais retirados da própria fazenda, tais como tijolos, portas, janelas, utilizando móveis rústicos, potes de barro, fogão a lenha e mobília artesanal.
Reserva particular do patrimônio natural
Por iniciativa dela, parte da Fazenda “NÃO ME DEIXES” foi transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural.
Com um total de 928 ha, a "Fazenda Não Me Deixes" mantém 300 há como área particular de preservação, criada pela portaria nº. 148/98 do IBAMA em 5/11/1998, protegendo uma área de caatinga arbórea e arbustiva e outra parte para utilização agrícola, bem como para receber aves nativas apreendidas quando comercializadas irregularmente.
O local era a paixão da escritora, onde encontrava refúgio e sossego e onde fazia questão de ficar durante meses, aproveitando moradia com jeito sertanejo por ela idealizada, rodeada de plantas tropicais e de lindos pássaros.
Atendendo pedido de Rachel, a família mantém as características originais da casa até hoje.
Por sua destacada atuação, Rachel participou da 21a Sessão da Assembléia Geral da ONU (1966), como delegada do Brasil, trabalhando na Comissão dos Direitos do Homem, foi a primeira mulher a tornar-se “Imortal” da Academia Brasileira de Letras, (sua posse ocorreu em 04 de novembro/1977).
Foi também a primeira a receber o “Prêmio Camões”, dos governos do Brasil e de Portugal, equivalente ao Nobel na língua portuguesa (1993); recebeu o Prêmio da União Brasileira de Escritores, o Juca Pato, além do Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra (1957).
Dormindo em sua rede, Raquel faleceu no dia 04/11/2003, no Rio de Janeiro; seu corpo foi velado no prédio da Academia Brasileira de Letras, no Rio, e enterrado no mausoléu de sua família no Cemitério São João Batista/Botafogo, ao lado de Oyama de Macedo, seu segundo marido, com quem viveu 42 anos.
Seu último desejo parece que não foi possível ser atendido: queria ser cremada e suas cinzas levadas pelo vento para adubar seu recanto predileto.
A professora Francisca Celebridade, nossa amiga cearense, e sua Leidinha, nos levaram (Sabrina, Raquel e eu), para conhecer o município de Quixadá e esse lindo refúgio, local onde viveu uma das mulheres mais importantes da recente história brasileira. Maravilha!