CONVENTO DA PENHA
O Convento da Penha, uma das mais belas construções do Brasil Colonial, é o mais antigo santuário mariano do país, edificado em Vila Velha/ES, no cume de um penhasco a 154 m de altitude, construído em 1568 pelo frei franciscano Pedro Palácios, um espanhol natural de Medina do Rio Seco que ali residia.
Também conhecido como Santuário de Nossa Senhora da Penha e das Alegrias, o convento abrange uma área de 632.226 m², que abriga considerável faixa da Mata Atlântica, com variadas espécies da flora e fauna, cuidadosamente preservada e considerada pulmão verde do município de Vila Velha.
Do alto do morro, tem-se uma deslumbrante visão da capital Vitória, de Vila Velha e alguns municípios vizinhos.
A LENDA
Conta uma famosa lenda que o frei Pedro Palácios, que possuía uma imagem de Nossa Senhora da Penha morava numa gruta que fica aos pés do morro e ali rezava a missa. Tal imagem desapareceu três vezes, e por três vezes foi encontrada no alto do morro, sinalizando desta feita aonde deveria ser construída a sua capela. E assim foi feito.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO E RELIGIOSO
O Convento preserva séculos de história, e tem em seu acervo a tela de Nossa Senhora das Alegrias, trazida pelo frei Pedro Palácios, oriunda da Escola Ibérica do início do século XVI, uma pintura a óleo de autoria desconhecida, considerada a mais antiga existente em solo americano, além da imagem de Nossa Senhora da Penha, telas de Vítor Meireles e quadros do pintor paulista Benedito Calixto.
Estão edificados nesse monumento arquitetônico de rara beleza a Igreja, a residência dos frades, o Altar para Missa Campal, a Gruta do Frei Palácio Dantas, a Ladeira da Penitência, o Museu, a Sala dos Milagres, inaugurada em 1.998, onde estão expostos nas paredes laterais os ex-votos ofertados, placas de agradecimento, quadros, fotografias e objetos como cabeça de cera, pernas, muletas e vários outros deixados pelos devotos de Nossa Senhora em agradecimento pelas graças alcançadas.
Na base do convento há lanchonetes, lojinha de souvenires, transporte para subida e descida, um mirante para admirar um cenário cinematográfico, telescópios para apreciar a belíssima vista panorâmica da Baía de Vitória e suas principais praias e do município de Vila Velha.
TOMBAMENTO
Em 21 de setembro de 1943, o Convento da Penha foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/IPHAN.
LADEIRA DAS SETE VOLTAS
A “Ladeira da Penitência”, também conhecida como "Ladeira das Sete Voltas" é uma via de acesso de pedestres ao Convento, com setecentos e oitenta e cinco m de extensão, percurso em que se faz uma caminhada pisando no calçamento de pedras seculares, resultado do trabalho dos escravos lá pelo ano de 1.643, cuja restauração ocorreu entre os anos de 1.774 e 1.777, e que perdura até os dias atuais.
Desde a data da fundação do Convento, esse caminho tem essa denominação em razão da existência das sete voltas com suas cruzes e mini-nichos com imagens para meditações e orações, simbolizando as "Sete Alegrias de Nossa Senhora", cuja devoção foi instituída pela Ordem Franciscana do Frei Pedro Palácios. Diversas personalidades fizeram romaria por esse percurso, dentre elas o Imperador Dom Pedro II e sua comitiva em 1.860.
AS SETE ALEGRIAS DE NOSSA SENHORA
1 - Anunciação pelo Anjo Gabriel;
2 - Visita de sua prima Isabel;
3 - Nascimento de Jesus Cristo;
4 - Recebimento do Espírito Santo por Jesus Cristo;
5 - Apresentação de Jesus no Templo;
6 - A ressurreição de Jesus;
7- Sua ascensão aos céus como Rainha.
Nas fotos, Dra. Odenilde Praça, Vânia(de Sergipe), outra amiga (do Ceará)e eu, visitando esse patrimônio histórico de beleza singular, em Outubro deste ano.
Maravilha!
Preso à minha classe e a algumas roupas, /
Vou de branco pela rua cinzenta. /
Melancolias, mercadorias espreitam-me. /
Devo seguir até o enjôo? /
Posso, sem armas, revoltar-me''? Olhos sujos no relógio da torre: /
Não, o tempo não chegou de completa justiça. /
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera. /
O tempo pobre, o poeta pobre /
fundem-se no mesmo impasse. Em vão me tento explicar, os muros são surdos. /
Sob a pele das palavras há cifras e códigos. /
O sol consola os doentes e não os renova. /
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase. Vomitar esse tédio sobre a cidade. /
Quarenta anos e nenhum problema /
resolvido, sequer colocado. /
Nenhuma carta escrita nem recebida. /
Todos os homens voltam para casa. /
Estão menos livres mas levam jornais /
e soletram o mundo, sabendo que o perdem. Crimes da terra, como perdoá-los? /
Tomei parte em muitos, outros escondi. /
Alguns achei belos, foram publicados. /
Crimes suaves, que ajudam a viver. /
Ração diária de erro, distribuída em casa. /
Os ferozes padeiros do mal. /
Os ferozes leiteiros do mal. Pôr fogo em tudo, inclusive em mim. /
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim. /
Com ele me salvo /
e dou a poucos uma esperança mínima. Uma flor nasceu na rua! /
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. /
Uma flor ainda desbotada /
ilude a polícia, rompe o asfalto. /
Façam completo silêncio, paralisem os negócios, /
garanto que uma flor nasceu. Sua cor não se percebe. /
Suas pétalas não se abrem. /
Seu nome não está nos livros. /
É feia. Mas é realmente uma flor. Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde /
e lentamente passo a mão nessa forma insegura. /
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se. /
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico. /
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
