domingo, 15 de abril de 2012

Santos, com futebol-arte, comemora 100 anos de jogo bonito

Em 14 de abril de 1912, na mesma noite em que o Titanic naufragava nas águas do Oceano Atlântico, 39 pessoas fundavam o Santos FC.
Por Confederação Sulamericana de Futebol (Conmebol), em seu site
Se reuniram na antiga Rua do Rosário (hoje Rua João Pessoa), número 10, na sede do clube Concórdia, em Santos, litoral de São Paulo. Cidade brasileira que já era um dos mais importantes centros comerciais da América Latina, além da maior exportadora de café de todo o planeta. No entanto, não contava ainda com um clube de futebol à sua altura. Vários nomes foram sugeridos — e em seguida rechaçados — como África, Brasil e Concórdia, este em homenagem ao clube que gentilmente havia emprestado o salão para aquela reunião. Até chegar o momento em que um dos presentes, chamado Antônio de Araújo Cunha, sugeriu: Por que não chamamos Santos Futebol Clube? O relógio marcava 10h33 daquela noite histórica quando finalmente foi fundado um dos clubes mais famosos do mundo.
A primeira partida oficial do Santos
só seria realizada cinco meses depois de sua fundação, em 15 de setembro: vitória de 3X2 sobre o Santos Atlético Clube. Com pouco mais de um ano de vida, em junho de 1913, o Santos Futebol Clube estreava no Campeonato Paulista. E com o pé direito, goleando seu futuro rival Corinthians, por 6X3.
Uma lástima que o clube
tenha sido obrigado a abandonar a competição depois de apenas quatro partidas, por absoluta falta de dinheiro necessário para as passagens de trem até São Paulo e a alimentação dos jogadores na capital.
No entanto, naquele mesmo ano de 1913,
o Santos deu início à sua caminhada de conquistas, consagrando-se o primeiro campeão da cidade. Em 1914 não teve campeonato municipal, mas em 1915 o Alvinegro repetiu o feito, ainda jogando com o pseudônimo de União Futebol Clube, por imposição da Liga Santista.
Grande antes de Pelé
Quando a Seleção Brasileira entrou em campo oficialmente pela primeira vez em 1914, já contava com dois estratagemas que, ainda que estivessem a serviço do Paulistano, podiam ser considerados os primeiros ídolos do Santos, pois rapidamente para ali voltariam: Adolpho Millon, que com 18 anos foi um dos fundadores do próprio clube, e Arnaldo Silveira, o autor do primeiro dos quase 12 mil gols que fazem do Santos o clube com o maior número gols de tantos marcados em todo o mundo ao longo da história do futebol.
Já em 1916, o Santos inaugurava a Vila Belmiro
, primeiro estádio de propriedade de um clube de futebol no Brasil. Naquele mesmo ano, voltou a disputar o Campeonato Paulista, alcançando um honroso quinto lugar. Boas colocações, aliás, seria tudo o que o Santos conseguiria nas décadas seguintes.
Entre 1927 e 1929, a equipe chegou a ser vice-campeã paulista
durante três anos consecutivos. Contava com grandes como Athié Jorge Cury (futuro presidente do clube durante sua fase magnífica, entre 1945 e 1971) e a dupla Araken Patusca e Feitiço, expoentes de um ataque que, no Campeonato Paulista de 1927, chegou a marcar 100 gols em apenas 16 jogos — uma fantástica média de 6,25 gols marcados por partida—, até hoje feito não igualado no futebol brasileiro.
Em 1935, finalmente, o Santos do goleiro Ciro
, do atacante Raul e do já veterano Araken consegue seu tão ansiado primeiro título de campeão paulista, com direito a vitória de 2X0 sobre o Corinthians em jogo decisivo, realizado em São Paulo. Outro título importante, 20 anos depois, dando início à melhor fase da história santista e de qualquer outra equipe de futebol no mundo em todos os tempos.
Foi um gol de Pepe, na vitória de 2X1 sobre o Taubaté
, na Vila Belmiro, que devolveu ao Santos o gosto de ser campeão paulista exatamente duas décadas depois, em 1955. No ano seguinte, 1956, veio o bicampeonato, vencendo o sempre poderoso São Paulo FC por 4X2 em um jogo extra.
O clube campeão do Estado
ainda não contava com Pelé — que só estrearia em um amistoso em setembro de 1956—, mas já havia figuras que entraram para a história do futebol brasileiro, como Formiga, Zito e o veterano Jair Rosa Pinto.
Ainda maior com o Rei Pelé
O Campeonato Paulista de 1958 foi o primeiro título conquistado pelo Santos com o fenomenal ele em campo, e também o primeiro dos nove estaduais que a equipe conquistou nos 11 anos seguintes, incluindo dois tricampeonatos (em 1960-61-62 e 1967-68-69) e um bi (em 1964-65). Parece mais fácil dizer que, entre 1958 e 1969, o Santos deixou de vencer apenas três Campeonatos Paulistas, em 1959, 1963 e 1966, todos conquistados pelo Palmeiras.
O clube das camisas brancas
passou a dominar também o futebol brasileiro, com quatro conquistas do prestigioso Torneio Rio-São Paulo (que na época reunia as principais equipes dos maiores centros futebolísticos do país), em 1959, 1963, 1964 e 1966. Cinco Copas Brasil consecutivas, de 1961 a 1965. E finalmente o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Robertão), precursor do atual Campeonato Brasileiro, em 1968.
Ganhou também um bicampeonato na Libertadores e o Mundial Interclubes
, em 1962 e 1963, derrotando os gigantes Peñarol, do Uruguay; Boca Juniors, de Argentina; Benfica, de Portugal, e AC Milan, de Itália, nessas quatro decisões. Isso sem contar uma série de outras vitórias internacionais contra clubes e seleções.
Anos de ouro, futebol arte
Sim, aquele era o Santo de Pelé, como ficou mais conhecido, mas também era o Santos do super ataque formado pelo próprio “Rei do Futebol” ao lado de Dorval, Mengálvio, Coutinho e Pepe. O Santos dos goleiros Gilmar e Cláudio, dos zagueiros Mauro Ramos de Oliveira, Djalma Dias e Ramos Delgado, dos laterais Carlos Alberto Torres e Rildo, do volante Clodoaldo, do meio de campo Toninho Guerreiro e do ponta esquerda Edu.
O Santos, enfim, que durante mais de uma década
conseguiu reunir alguns dos maiores jogadores do Brasil de todos os tempos. Em termos de conquistas, a chamada Era Pelé, para o Santos, terá seu fim em 1973, com o título paulista, que teve que ser dividido com a Portuguesa — depois que o árbitro Armando Marques se confundiu na contagem e terminou antes da hora a série decisiva de pênaltis que o Santos já ganhava por 2X0.
Sem perder a majestade
Depois de Pelé, Santos seguiu sendo grande, como sempre. A partir de 1978, a tradição de formar “times” juvenis voltou a ser forte. Os “Meninos da Vila”, como eram chamados Pita, Nílton Batata, Juary e João Paulo, levaram outro título paulista para Santos.
Quatro anos depois, em 1984
, foi a vez de jogadores mais experientes, como o goleiro uruguaio Rodolfo Rodríguez e o centro-avante Serginho, autor do gol da vitória por 1X0 no jogo decisivo contra o Corinthians, lideraram o clube na conquista de mais um Paulistão.
Aparece Robinho e logo... Neymar
Após um período de títulos escassos, como o Torneio Rio São Paulo em 1997 e a Copa Conmebol, em 1998, Santos retorna ao seus melhores dias, uma vez mais apostando na juventude. Em 2002, Diego e Robinho, este pedalando sobre o corinthiano Rogério na vitória de 3X2 na final, deram ao clube seu primeiro título do atual Campeonato Brasileiro. Que seria repetido dois anos depois, em 2004.
No tradicional Campeonato Paulista
, a hegemonia do Santos também regressa, com dois bicampeonatos, conquistados em 2006-2007 e 2010-2011. O “garoto gênio” desta vez era outro: Neymar. Jogando ao lado de Paulo Henrique Ganso, e antes do clube chegar ao seu Centenário, ele conseguiu restituir o clube no alto do pódio nacional (com a conquista da Copa do Brasil de 2010) e da América, com a reconquista da Libertadores de 2011.
O hoje Clube de Neymar antes de Robinho
e sobre tudo o Rei Pelé, entre muitas outras figuras chega a seu centenário como campeão da América e mais legítimo representante do “jogo bonito” dos brasileiros. Não é um título menor.
(4 de Abril de 2012/ Fonte: Site da Conmebol/Tradução: da Redação do Vermelho,Vanessa Silva)
Fonte - http://www.vermelho.org.br)