quinta-feira, 31 de março de 2011

Poesia

Destruição
Os amantes se amam cruelmente / e com se amarem tanto não se vêem. / Um se beija no outro, refletido. / Dois amantes que são? Dois inimigos. / Amantes são meninos estragados / pelo mimo de amar: e não percebem / quanto se pulverizam no enlaçar-se, / e como o que era mundo volve a nada. / Nada. Ninguém. Amor, puro fantasma / que os passeia de leve, assim a cobra / se imprime na lembrança de seu trilho. / E eles quedam mordidos para sempre. / deixaram de existir, mas o existido / continua a doer eternamente. / (Carlos Drummond de Andrade)
(Fonte/Foto - Internet)