sábado, 19 de novembro de 2011

S. Quixadá: um passeio pela História do Acre

O Seringal Quixadá esta localizado a margem direita do rio Acre, a 18 km de Rio Branco; sua fundação ocorreu lá pelos idos de 1880, com a chegada de retirantes nordestinos, que fugiam da seca e sonhavam com a riqueza da extração de borracha, o “ouro branco” da Amazônia.
Fundação do S. Quixadá
Em 1888, ali aportou a Sra. Benvinda Carneiro de Lima com seus oito filhos, vindos do sertão cearense, da cidade de Quixadá, e se estabeleram bem na curva do rio Acre; a viagem durou vários meses, período em que seu marido Telmino faleceu, e seu corpo ficou enterrado numa das inúmeras praias do território paraense. A escolha do local para fixar residência pela matriarca cearense foi em decorrência do chamado de alguns parentes que partiram antes do estado de origem e já residiam no seringal, famoso por sua localização e bom acesso, a abundância de estradas de seringueiras, muita castanha e facilidade para caça e pesca. Dos oito filhos de D. Benvinda, dois são bastante conhecidos, os Padres José e Pelegrino, que foram estudar em Roma e ali receberam a ordenação. Dentre muitas estórias e “causos” conhecidos dos famosos padres, sabe-se que eles conseguiram autorização do Papa para que sua mãe, então viúva, casasse com seu cunhado e compadre Henrique, irmão de seu falecido esposo, Telmino. E assim realimente aconteceu, com festa que durou algumas semanas, como era costume no seringal.
Os padres
Os padres José e Pelegrino, da Ordem dos Servos de Maria, tiveram problemas e foram impedidos de exercer seu mister nas igrejas da diocese, porisso sua mãe mandou construir no seringal uma pequena capela para que eles pudessem celebrar as missas; ainda hoje a igrejinha está ali e é um local muito visitado pelos turistas. Eu tive o privilégio de conhecer pessoalmente os dois padres, de quem sou fã incondicional, e ouvi deles muitas “notícias”, algumas pitorescas, engraçadas e dizem que fazem parte do nosso folclore.
Pois bem, aí vai uma delas:
os padres Pelegrino e José viajavam na carroceria de um caminhão, numa estrada lamacenta e debaixo de chuva. De repente, um deles grita:
- Pára o carro, motorista, que eu avistei uma agulha no meio de uma poça de lama;
Ao que o outro responde, incontinente:
-Não para, motorista, que a agulha está com o fundo quebrado.
E como essa, há muitas outras interessantes. O imóvel atualmente é propriedade de Adalcimar Carneiro Lima, bisneto de D. Benvinda, que ali reside com a esposa Adalgisa, filhos e netos, sua mãe D. Ceci e vários outros parentes, em casas da época do seringal, algumas bem originais. O belo local, palco da epopéia acreana, foi cenário da minissérie global “Amazônia”, em 2006, e mostrou para o mundo um pouco da beleza da nossa terra. Atualmente, estão sendo revitalizados (será inaugurado dentro em breve o “Museu Quixadá”), alguns imóveis existentes na área, como o barracão, o comércio, a casa do coronel, a igrejinha, a casa do guarda livro, a casa do gerente do seringal, a escadaria, o alojamento dos seringueiros, o paiol (onde eram guardadas as pelas de borracha e castanhas), o bar e restaurante, dentre outros. O “Restaurante Parque Temático do Quixadá” abre todos os dias para almoço e jantar e serve deliciosas comidas típicas da região, inclusive atende por encomenda, através do telefone 9204-4638. O atendimento é especial, os proprietários, Adalcimar Lima e sua esposa Adalgisa são excelentes anfitriões. Minha amiga Teté e seus netos João Pedro, Mariana e eu fizemos esse lindo passeio; porém, como desabou uma chuva torrencial nesse dia, deixamos de ver algumas outras coisas, que ficaram,para ser visitadas em data oportuna; mesmo assim o passeio foi maravilhoso.
Quando puder, visite esse imóvel que faz parte da nossa história, você vai gostar!